Monday, August 21, 2006

O truque para ser árvore!


Estive no Parque Nacional da Peneda-Gerês (na parte que não incendiaram) e, como manda a tradição, trocam-se os cavalos domesticados de um carro por um cavalo ou égua em que, 1 minuto após sermos apresentados, somos obrigados a montá-lo (a) sem qualquer formalidade.
O percurso era nitidamente apetecível, uma serra de várias cores, com pedras semeadas por todo o caminho, árvores imensas dispersas em pequenos socalcos, o riacho a serpentear entre arbustos bem desenhados... e cavalos!
É verdade que não entendi bem a associação de ideias do responsável (sujeito 1 - S1) pelos equídeos. Ajudem-me, vivendo a história a que eu (sujeito 2 - S2) sobrevivi com o cavalo (sujeito 3 - S3)!
S1: Já andou de cavalo?
S2: .
S1: Então fica com aquele cavalo da ponta!
Eram 8 cavalos (7 imponentes, quais machos morenos latinos de barba rija e pêlos no peito, versão equídeo, e 1 miniatura). O meu era o miniatura. Depreendi que tinha havido algum desentendimento entre S1 e S3, mas não ripostei. Afinal, num "ponei" deve ser ainda mais engraçado, contemplar a paisagem devagarinho...
Estavam já todos devidamente montados (quase sem ser apresentados aos montadores) quando S1 vem ter comigo e diz estas 5 palavras que, não fosse a 5ª, tudo seria normal: " Ficas aqui com o GTI ". Epá... "Ficas aqui com o GTI" soou-me a problemas... Confesso que comecei a produzir mais adrenalina do que o habitual.
Aproximei-me do bichano, naquela figura ridícula que todos fazemos como se um cavalo entendesse o português e disse: GTI, bichaninho GTI, vais portar bem, não vais? (bichaninho GTI... pensei... é o mesmo que dizer bebézinho Yokozuna, bebézinho Yokozuna, kutxi kutxi kutxi... é, no limite, absurdo).
Montei o GTI, mantendo o último lugar da fila porque o GTI não pode ver cavalos atrás, porque parece que tem um trauma de infância e assume a personalidade de uma chita enfurecida quando há alguém por trás... o GTI no seu melhor.
Esquecendo as restantes 95 peripécias que aconteceram durante o percurso, há uma que fica retida no livro da minha vida. Afinal de contas, todos os humanos que, no intervalo entre o nascimento e a morte, não plantem uma árvore, escrevam um livro e façam um filho, partem deste mundo com a sensação de que se esqueceram de algo. A mim falta só plantar a árvore (brincadeira), mas consegui algo que se pode considerar extra-humano, quiçá divino! Eu fui árvore! Eu fui árvoreeee...!
O GTI gostava de parar por breves instantes, sempre que havia pedras e escarpas no caminho, deixar o vizinho da frente afastar-se e, envergando a sua personalidade kamikaze, bater com os cascos e sprintar até se atingir novamente a posição "filinha pirilau" com os demais cavalos. Ocorreu-me a recordação da Celeste, a última égua com quem vivi bons momentos... só lhe faltava bocejar entre cada passo lento e tolerante. Confirma-se a sábia teoria de que não devemos ser promovidos sem viver experiências diferentes e marcantes, com sucesso. Gostava de ter "montado" mais desde a Celeste... (beijinhos Celeste) Reconheço que ao vigésimo sprint, senti necessidade de dizer bem alto: "GTI d´um raio, parto-te ao meio!". Nisto, o GTI d´um raio deixou o vizinho da frente afastar-se, e zás trás CATAPUM. Um sprint dos valentes e enfaixo-se numa árvore. Meus amigos, quando eu digo que se enfaixou numa árvore é porque, literalmente se enfaixou numa árvore. Por momentos não percebi se havia de lutar para sair da árvore com a cabeça ou se era suficientemente animador ser decapitado por um Quercus centenário. Enquanto o GTI ficou petrificado, a minha cabeça estava envolta em 4 ou 5 ramos daqueles bem grandes, lembrando o velho sketch: Mãe, o que será aquilo? Será um pássaro? Um avião? Não! É a cabeça do Pedro! Seguiu-se a estranha sensação de ter um GTI por baixo a ir embora e eu pendurado numa árvore pela cabeça. Garanto-vos que tudo acabou bem. Continuo sem cabeça... :)
GTI, bate aqui !

Monday, August 07, 2006

Óinc em Almourol...!!


A memória atraiçoa-me um pouco quando procuro recordar-me do valor dos mais recentes "Censos" Agro-Pecuários para identificação do número de suínos em Portugal. Alerto a Alta Autoridade para a Suinicultura Nacional que se encontram refugiados no Castelo de Almourol os 3 recentes desaparecidos elementos desta comunidade suína.
Ontem aproveitei o facto de ser um dos dias mais quentes do ano e fui "botar-me ao fresco" em Almourol. Ora, Almourol... concelho de Vila Nova da Barquinha... ora Vila Nova da Barquinha distrito de Santarém... ora Santarém... 42 ºC! Perfeito!
À chegada ao local, vergo-me perante a imponência de uma obra que estimula o mais adormecido dos sentidos. Detenho-me, estupefacto, perante a majestosa capacidade de desafiar qualquer lei, o inconfundível dom do povo português em marcar a diferença de forma tão vincada. Não! Ainda nem vi o castelo! Refiro-me à capacidade que o português tem de, estrategicamente, retirar um calhau do rio que permitiria, pé ante pé, chegar à ilha do castelo sem a necessidade de ir "à água". Nasce assim uma placa de plástico descorada pelo sol onde se lê: Ilha: 0,75 euros / Volta à Ilha: 1,50 euros.
Cumprimento o timoneiro da piroga, confirmo que os coletes de segurança estão em pior estado do que o trapo com que a minha tia fez os espantalhos para o campo de milho, e embarco na volta à ilha. 10 minutos. A entrada na ilha é feita de forma cordial pelos 3 suínos fugitivos e por 2 cabras. Experimentem o mais rapidamente possível a experiência de estar no mesmo metro quadrado com 2 cabras, numa tarde com 42 ºC. Ficamos preparados para ser os responsáveis de uma ETAR com canalizações entupidas sem ter que usar máscara anti-odores.
Finalmente o castelo!!! Muito bonita a vista sobre Vila Nova da Barquinha! Apetece ir rio adentro (sem colete e sem cabras) até ao Atlântico.
O castelo, certamente de origem romana, foi reedificado em 1171, por Gualdim Pais, Mestre da Ordem dos Templários. Fez parte da linha de defesa do Tejo no período da reconquista da Península Ibérica, integrado na estratégia delineada por D. Afonso Henriques.
No final, não se esqueçam de despachar 1, 2, 3 ou mais Calipos de Limão com vista para o rio, para refrescar as ideias. Vale a pena a visita! Óinc, óinc!

Wednesday, August 02, 2006

São cinco, se faz favor...!


Entendo que está na altura de mais um Referendo Nacional. Não interessa ter mais de 18 anos. Interessa ser viciado em... pastéis de Belém! No percurso para casa, é habitual passar a 5,50 metros da porta de entrada para o AMPB (Admirável Mundo dos Pastéis de Belém). Há 1 ano atrás o meu carro era mais estreito, passava a +/- 6 metros e era mais fácil resistir.
Naqueles dias frios e chuvosos de Inverno, quando as pessoas parecem escravos do mundo, com semblante carregado, roupas escuras, muitos chapéus abertos na paragem do autocarro, não há nada mais tranquilo que entrar no AMPB, cruzar a perna (com o tornozelo da perna esquerda sob o joelho da perna direita, para evitar confusões de outra ordem), erguer o braço e dizer a frase mágica: são cinco, se faz favor!
Eu penso que a culpa deve ser do senhor que fez as embalagens de açúcar e canela, porque eu sou daqueles que não consegue desperdiçar comida. Nem uma migalha! E para que não sobre açúcar ou canela, e garantindo uma distribuição uniforme e equitativa dos mesmos, quatro pastéis peca por escasso e seis por excesso. São cinco, se faz favor!
Um dia senti necessidade de me armar em estúpido. Quis perceber o prazer que é não sentir prazer. Sentei-me mas não ergui o braço. Esperei 2 minutos e escutei um frio: Boa tarde, quantos são? Pronto! Que mania de perguntar algo em que ambos os intervenientes percebem que está inerente uma quantidade razoável de PASTÉIS DE BELEM!!!
Dois dias depois, segunda tentativa! Tinha de me antecipar! Sentei-me, não ergui o braço, esperei 2 minutos e escutei: Boa tar... respondi: UM CROISSANT COM FIAMBRE E UM GAROTO, SFF! E o senhor responde: e os pastéis, trago já? :(
Não vale a pena, não consegui sentir a experiência de entrar no AMPB e não comer PB. Precisava de ter esse apontamento no meu currículo para perceber se a minha dependência era já grande. Afinal, o que importa mesmo não é saber o segredo dos pastéis de Belém, mas qual o truque a usar para não comer mais de 5...
Ah! Sugiro que se faça um inventário de pessoas como eu e que nos seja atribuído um cartão magnético que impeça a entrada no AMPB, como acontece nos casinos.
Já agora, apelando ao patriotismo, sugiro a 1002ª maneira de fazer bacalhau: bacalhau com pastel de Belém! Um must! A provar na próxima consoada!
Perús deste país, não me agradeçam!