Thursday, February 28, 2008

Eu e um puto parecido comigo!

Antes eu tinha a mania de me enfiar em cestos. Tinha um focinho mais lindo que hoje. Mas pouco mais :) Do que tenho mesmo saudades é das orelhas. Vejam que espectáculo de orelhas. Todas as ursa... meninas vinham ter comigo fazer miminhos atrás da orelha. Depois aos 4-5 anos apareceu a puberdade. Eu não queria nada. Tinha planeado a minha vida e das minhas amigas do jardim escola para a puberdade aparecer só aos 7 anos, mas nesse dia fatídico bateu à porta e eu, feito literalmente urso, disse "quem é?" e do outro lado responderam "é a puberdade, pá, cheguei mais cedo porque não havia tanto trânsito. Abre lá a porta". Fiquei mesmo lixado. Nem sequer me tinha arranjado para a receber. E também não me apetecia nada começar tão cedo a fazer buraquinhos na areia da praia, sem ser para brincar aos túneis. "Epá, ó puberdade, o que é que tu pensas da vida? Não podes voltar mais logo?". E ela, feita parva, respondeu: "tá cáládo, pá! Opá, tá cáládo, pá! Ágóra é que é porrêro, pá! Lá nos África nóis aparece aos dois meses, pá!". E eu resignei-me. Se é a puberdade dos África, é uma boa puberdade. Vai-me dar jeito mais tarde. E fiquei assim, parecido com um puto, com caracóis no cabelo, quase a roçar os limites do que é considerado uma carapinha. Não sei porque comecei aqui a falar na puberdade, foi só uma muito pequenina incursão nos caminhos da demência. Mas uma coisa é verdade, digam lá se não era/sou/serei parecido com um Deus Grego (click) ? :))

Wednesday, February 27, 2008

Ronrommmm...

Lá estava ela à minha espera. Como todos os dias. Não tem nome. Não tem data de nascimento. Não tem casa nem família. Mas está sempre ali, quando saio ou quando chego. Pequeninos pulos e mios de doçura. Confunde-me as pernas, tropeço em cada passo, mas ela gosta... gosta de sentir que o risco de eu me escangalhar em cima dela está no limite, e por isso não desiste. E eu faço sempre as mesmas festinhas, vou buscar sempre os mesmos biscoitos e mantenho sempre os mesmos 3 minutos de brincadeira. Não posso levá-la para casa. Ia haver duas brigas. Com o meu pai e com o meu gato. Ela deve ser feliz assim, porque mia, come, brinca e depois, com um mio mais longo, despede-se até à manhã seguinte. Muitas vezes a minha mãe brincou com este miau, e por isso tem um valor ainda mais especial para mim. Ainda me lembro do sorriso da minha mãe quando, após 1 mês de desaparecimento, a gatinha voltou, a miar ao pé da minha janela. Os sorrisos são o meu ar e não respiro sem os sentir. Esta gatinha vive contente, parece-me. Defende-se melhor dos carros, dos cães e das pessoas, do que numa casa. É feliz assim. E isso faz-me feliz também. Té manhã, pikinininha, onde quer que estejas a nanar :)

Tuesday, February 26, 2008

Palhaço vs. Engenheiro ?


Há 2 coisas mesmo tristes nesta vida. Uma é ir 3 dias em trabalho com o chefe. Outra é estar 3 dias fora com o chefe, em trabalho. Há uma terceira coisa mesmo mesmo mesmo mesmo triste. É estar com o chefe, em trabalho, longe do lar, e ouvir uma conversa sobre mangueiras pela 24ª vez. Mas felizmente isso não aconteceu. Foi só a 23ª vez. É nestes momentos que se abre a mala do carro e se retira um dos 7 brinquedos permanentes: a vola de fraia! E pronto. Estou em casa. Sinto-me a pairar nas nuvens, a tentar bater o recorde dos 199 toques na bola sem cair, que mantenho desde os 15 anos (não posso contar em público a minha reacção quando a bola decidiu trocar o meu pé pelo chão antes dos 200, mas não foi bonito, reconheço. Aos Serviços de Arranjos Exteriores da Câmara Municipal de Lagos, as minhas desculpas. Sim, fui eu que escangalhei aquele chapéu de praia verde horrível que estava a destoar no areal, corria o bom ano de 1994. Aos seguidores de um conceito estético bem mais interessante nas praias, não me agradeçam). E pronto, com uma musiquinha de fundo que, efectivamente tinha como letra: "epá, e estas mangueiras são de 20 metros e estão revestidas por camadas blá blá e pode regar-se as flores que elas não morrem em mais de 3 dias e blá blá blá e se as alfaces forem regadas com esta mangueira no dia seguinte cada alface dá 50 abóboras e blá blá...", fui brincando e brincando. Palhaço, sim, sempre. Mas dos fixes. Ao meu ilustre chefe e discípulo da má vida, parabéns por ter suportado que o cd da Rhianna girasse e girasse e girasse vezes sem conta durante 1200 km. O remix do Chris Brown já tá decorado! O gráfico de emissão da Antena 1, nestes 3 dias, está pelas ruas da amargura! Vai buscariiii !!
Post Scriptum - Obrigado pelos "flocos de neve" do post anterior.

Monday, February 18, 2008

O Papagaio e o Mar...


Ainda em relação ao Menino de Cabul, uma histórica verídica que, de facto, arrepia um pouco mesmo os pelinhos mais adormecidos, quem for ver procure aperceber-se da importância de um kite na felicidade de uma criança e de um homem... Eu tenho 3. Um pequenino, que parece uma ave. uma gaivota ao sabor da brisa do mar. Um grandito, que faz lembrar uma ave de rapina com hélices em voo picado sobre a presa (as hélices referem-se ao barulho que este papagaio faz, impressionante). Às vezes quando passa um avião em baixa altitude por cima de minha casa, penso que é alguém que me está a gamar o papagaio, mas não, lá está ele bem pertinho da minha cama. Gosto de saber que ao meu lado, que quando vou nanar está ali um bocadinho de mar, de céu, de praia e de liberdade bem perto. O terceiro, é um ganda maluco! Grandãoooo, imponente, 48 fios de 100 metros a apontarem os céus e o gigante adormecido lavanta voo... faz sombra no areal, ergue-se lentamente em direcção ao Sol, mas 1 segundo pode ser suficiente para escutar os nossos amigos úmero, rádio e cúbito a fazerem "crack". A última aventura ficou bem marcada na areia. Parecia uma praia atravessada por um tractor agrícola com uma charrua de aivecas das grandes. Neste caso, os meus pés fizeram de charruas. Posso até, numa próxima oportunidade, deixar o meu contacto para a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal. Um dia vou tentar lançá-lo dentro de água, mas tenho medo de curto-circuito com as faíscas produzidas pelos calcanhares. Estes 3 papagaios são os meus 3 amigos de todo o ano e de todas as praias, uma união para toda a vida. Espero um dia ter crianças para justificar estes brinquedos do pai como sendo brinquedos deles e não passar algumas vergonhas quando abro a mala do carro e parece a fusão da Imaginarium com o Papagaio sem Penas e com a Decathlon.
A dependência do mar estimula-nos a abraçá-lo todos os fins de semana, de perto ou de longe. É, efectivamente nomeadamente mormente, um abrigo. Um abrigo de liberdade, de sonhos, de loucura, de água, de diversão, de brilho, de prazer, de expressão, de sensações a que o corpo responde com uma dependência cada vez maior. Muitas vezes, quando pensamos no mar e nos momentos de prazer que nos proporciona, há uma nítida tendência para associar o surf a este contexto. Há o grupo dos surfistas, como há o dos betos, dos xungas, dos skaters, dos punks, dos dementes precoces :) etc... Eu tive sorte de ser um independente nesta matéria. Sou eu, sem grupo. Lanço os meus papagaios, um dia, uma noite, sozinho ou acompanhado. E cada vez gosto mais. Mergulho e encontro um Mundo que todas as pessoas têm de conhecer. Ninguém pode partir sem mergulhar e "sentir" o que se passa lá em baixo... já não se muda! É deixarmos de ser "pessoas" e todos os problemas que isso traz e passarmos a ser "mar" e toda a grandiosidade que isso representa. É sermos aventureiros, mas de outro Mundo. Já fiz surf e bodyboard. Nunca me esqueço da primeira vez, com a minha velhinha prancha amarela do Continente. Poucos centimetros quadrados do meu corpo não faziam lembrar um tipo lá dos África. Não consigo apanhar ondas, é um facto, mas faço uma boa amizade com a prancha ao pôr do Sol. Já desloquei um ombro e não disse nada a ninguém, quando quis subir para uma tábua de madeira à beira mar só com um pé, e tentar chegar o mais longe possível. Já pareci um minúsculo pontinho no mar, visto da praia, sentado numa bóia enorme que anda sempre na mala do meu carro, ao lado da bola colorida. Todos os dias do ano. Já fiz xixi no mar. Já fiz o pino, cambalhotas, dancei, cantei, corri e adormeci no mar. Já acertei com um disco na cabeça de uma senhora de 80 anos, e ela até gostou. Já atirei muitos paus para o mar, para um bobi trazer de volta. Já escrevi um pequeno livro, enquanto assisti a duas marés. Já corri para os barcos dos pescadores que chegam e devolvi ao mar todos os peixes que consegui. Já apanhei conchinhas para oferecer à minha mãe. Já fiz de palhaço à beira-mar enquanto me procuravam no alto mar e nas dunas. Já fui feliz à beira mar, enquanto fazia de palhaço. Já desenhei corações na areia e vi-os serem apagados pelas ondas pequeninas. Já corri 200 metros até ao mar e tropecei 1 metro antes de lá chegar. Nunca mais corri até ao mar. Já saltei para o mar do cimo de um monte (vá lá... um montito... vá lá... uma muito pequenina elevação... pronto, de cima de um calhau). Já fiquei sentado à beira-mar a ver nascer a lua atrás de mim e o sol a esconder-se à minha frente. Já saí do mar com a lua lá em cima. Muitas vezes. Já brinquei com o mar todas as horas do dia e da noite, algumas vezes com o fato de banho :) Secalhar, já fui mar... Se o mar falasse, a cumplicidade que temos impediria a divulgação de outras actividades lúdicas que me fizeram rir, sonhar, amar... sempre ao pé do mar. E o melhor está para vir... ;)

Menino de Cabul / Menino da Estrela

Noite de sábado para domingo, 16 Fevereiro, corria o bom ano de 2008, 0h25m, Corte Ingles, Departamento de Cinemas, 4 jovens cinéfilos entram na sala 14 para ver "The Kite Runner" ou, como facilmente se traduz em português, "O Menino de Cabul".
Noite de sábado para domingo, 16 Fevereiro, corria o bom ano de 2008, 2h35m, Corte Ingles, Departamento de Cinemas, 4 jovens cinéfilos saem da sala 14 depois de ver "The Kite Runner".
Nunca tinha vivido esta experiência solitária de não encontrar outros elementos que não do meu gang, numa sala de cinema. Ainda por cima o filme impressiona... 50% da população que assistiu a esta sessão, saiu a chorar, que foram, efectivamente, duas amigas minhas das quais me envergonho um pouco.

Domingo, 18h30m, saída do local de trabalho onde tive de ir fazer aquilo que não fiz durante a semana, isto é, trabalhar. Caía uma chuvinha, os sinos da Basílica da Estrela pareciam malucos, comecei a imaginar coisas... os filmes que me invadem a cabeça à razão de mais ou menos 24h por dia, e me fazem andar a rir sozinho na rua. É triste, mas acontece sempre. Não há ainda comprimidos nem injecções para esta patologia. Este filme não posso mesmo contar até porque envolve uma basílica e seria sacrilégio :) Mas a atmosfera desta Lisboa em dias taciturnos, com iluminação inquietantemente sóbria, ao som de sinos em histerismo resignado, incute-nos alguns pozinhos de perlimpimpim... a nostalgia de um momento que pretendemos viver a dois e não, solitariamente, num fim de tarde de domingo. Nada que não se recomponha com um anoitecer com amigos à beira rio, em ambiente fashion de cores, sons e sabores...!

Wednesday, February 13, 2008

Part - Time em Barcelona

Para poder suportar os avultados gastos que a manutenção deste corpo exige, ainda mais em férias, fui forçado a desenvolver uma actividade como limpador de mesas da tienda da Pans & Company, na Rambla, Barcelona. Uma actividade muito enriquecedora, principalmente para a mesa, que nunca foi tão bem massajada na sua vida. A remuneração de 1 bocadillo de jamon serrano com patatas bravas valia o esforço.
P.S. - Uma palavra especial para as 3 baratas que desfilavam por entre as pernas da cadeira, como quem passeia alegremente num bosque de cadeiras. Espero que ainda não tenham levado com insecticida na tola. Tenho saudades vossas. Beijinhos.

Impressionante, de facto...

Monday, February 11, 2008

Hi, there !



Eu e o meu primo Bernardo, que é um infeliz e um desgraçado (senão releia-se a 4ª e 5ª palavra deste post) estivémos uma noite a aprender a tocar esta música com a viola, directamente de uma pauta. Eu vou treinar um pouco mais, de facto. É ligeiramente mais complicado que ler um livro do Calvin & Hobbes... :) A música é simples e profunda... às vezes sabe bem "tocá-la" à viola, no silêncio da noite, antes de nanar...

São só palavras...


Já perdoei erros imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis...
Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também já decepcionei alguém...
Já fiz amigos eternos, já amei e fui amado, mas também já fui rejeitado, já fui amado e não soube amar...
Já vivi de amor e fiz juras eternas, mas também já chorei ouvindo música e vendo fotos...
Já liguei só para escutar a tua voz, já me apaixonei por um sorriso, e pensei q fosse morrer de saudade...
mas sobrevivi...
Aprendi a perder com classe e vencer com ousadia...
Charles Chaplin
... e aprendi a Amar sem ser só hoje...
Polarito

Kalulu da Tia Alda


No fim de semana passado, a minha tia Alda organizou um mega-almoço de Kalulu, para recordar os tempos vividos em S. Tomé e Príncipe. Kalulu podia ser nome de cão, mas não. É nome de prato. É mais bonito dizer "epá, hoje estou mesmo cheio, que pratada de kalulu que comi" do que propriamente "kalulu, rebola, vai buscar o pau, sai de cima da Lassie". A primeira garfada de kalulu permite-nos dizer que é uma comida saborosa e nada mais. A partir daí começa a perceber-se que há uma infinidade de ingredientes que fazem as papilas gustativas estarem toda a refeição com espasmos loucos de prazer. Muito bom o Kalulu da Tia Alda ;) Além de tudo, fica-se com aquelas magníficas coceguinhas nas veias, com o pulsar do sangue a pedir uma viagem a S. Tomé...