Saturday, December 29, 2012

Sejam palhaços, pá!

Haveríamos todos de ter oportunidade de ser centenários e regressar à normalidade após 6 meses. Ser ultrapassados pela bola, sentar e levantar em dois minutos e meio e custar tanto como fazer o pino por meia hora, ter menos 31 dentes e mais 12 próteses, usar uma pochete a vazar gotas de soro a cada 3 segundos, sentir frio no Verão e no Inverno (ou não saber quando é Verão ou Inverno), vestir sempre a mesma cuequinha branca enquanto a tanga de leopardo repousa na naftalina, ler o jornal com 3 pares de óculos e não saber o que é um iPad, levar a colher à boca e acertar nos olhos, tropeçar em todos os tapetes, ter um cão sem saber que é um gato, chamar Dulcineia à mulher em vez de Samantha (ou confundir a mulher com o cão que afinal é gato). Enfim...   
Sejam palhaços, enquanto podem. Não esperem pelo arrependimento. Atravessem a vida inteira com 1000 razões para viver. Sejam palhaços. 

Wednesday, December 26, 2012

Romance em forma de riscos...

Há amores que nos compreendem melhor do que "aquele amor". Há amores que ficam, restam e duram, sem que sejam continuamente alimentados. Sobrevivem a desprezos desmedidos e a fúrias inconstantes. Fluem nas nossas mentes ou nos nossos dedos, a cada dia ou a décadas sem qualquer dia. Mas existem sem questionar existência. Há muitos anos que alimentava este amor. Para escrever os meus livros secretos, desenhar retratos mentais na moleskine mais viajada do mundo, ou para os diálogos silenciosos que mantenho, intermináveis, mas efémeros de existência. Saber brincar com as letras é extraordinariamente relaxante. Infinitamente ágil. O Natal tem destas coisas boas, de nos fazer conquistar algo que já havíamos conquistado mas que não era nosso. O prazer de ter algo que dura mais do que a nossa vida, é suficientemente grande para nos provocar uma audácia superior, e conquistar, de facto. Porque, como qualquer palavra lançada ao papel, fica, resta e dura. E assim tem outro sabor.

Monday, December 24, 2012

O Natal é muito mais do que Natal...

Chão de pedra fria e castigada por Invernos cinzentos. A lareira apenas adormecia em tons de laranja, por um fio de minutos, logo despertava poderosa e gritante. Lembro-me de soprar até corar, ela não podia adormecer por estes dias. Lembro-me de arriscar o tom de pele quando espreitava por trás da chama, a cada minuto, para o ver chegar. Lembro-me de estar descalço para não fazer barulho, de tapar o nariz para não tossir de fumo. Lembro-me principalmente de ler imenso nessa noite, para vencer o sono. Lia jornais antigos e ia atirando cada folha lida para o lume, que devorada as palavras mais depressa do que eu. Lembro-me de ser vencido e adormecer num velho sofá estridente de idade. Lembro-me de ouvir a Avó acordar e de me atirar para o chão, em tábuas dançantes de pregos soltos, fingindo ter caído da cama. Lembro-me de a ouvir lamentar-se e de me ajudar a voltar para o sofá. Eu contia o sorriso. A casa era, de facto, pobre. Não há outra descrição. Mas sentia-se, a cada segundo, um vibrante luxo de sensações, um tesouro fantástico de emoções. Corria para a lareira, a velhinha cafeteira de latão já despertara, a gigante fatia de pão beijava as brasas, e os olhares ternos de amor não precisavam de embrulho. Espreitava uma última vez para ter a certeza que saíra bem e que já voava alto. Em pijama fintava as ruas de alegria, em neblina turva, empurrando o carrinho amarelo, e constipava-me, como sempre. Um contentamento doce. O chão de pedra fria e castigada por Invernos cinzentos não era mais frio. O Natal é muito mais do que Natal. Feliz Natal.

Sunday, December 23, 2012

Merry Christmas... :)


An animal's eyes have the power to speak a great language... Give them love. Not only at Christmas time...