Friday, September 29, 2006

Ainda vai havendo umas verdades...


"Os homens distinguem-se pelo que fazem... as mulheres, pelo que levam os homens a fazer..."
Carlos Drummond de Andrade



"Também se pode abraçar uma mulher por carta. Uma vírgula, no lugar certo, é como um beijo..."
Marcello Mastroianni

Miles Davis


Faz hoje 9 anos e 1 dia que Miles Dewey Davis (Maio 26, 1926 - Setembro 28, 1991) chamou uma nuvem com o seu trompete e partiu rumo ao desconhecido. Em cada canto do mundo, havia um disco a girar e a libertar claves de sol, colcheias e semicolcheias de puro jazz, sem enfeites emanuelísticos.
Na memória fica o célebre... "don´t call me a legend... just call me Miles Davis"

Tuesday, September 26, 2006

Eternity island...


A felicidade é como gota de orvalho numa pétala de flor...
Brilha tranquila, depois de leve oscila...
E cai como uma lágrima de amor...


Tom Jobim e Vinícius de Moraes

Sunday, September 24, 2006

Dias de infância... só visto!

Há momentos na infância que, definitivamente, estimulam a nossa capacidade de recordar tempos outrora percorridos como se neste instante ocorressem, desenvolvendo-se, a cada segundo, minutos largos de nostalgia de um bem perdido, o mundo fantástico da infância.
Hoje escutei por várias vezes um assobio sem que alguém assobiasse. Era um assobio que, na escala do volume assobiónico, ia progredindo de 10 em 10 segundos, até que parava num último patamar quase estridente. Abri o guarda-roupa e vesti uma t-shirt e calções já sem cor, desgastados pela solidão de uma gaveta fechada há... dez... anos. Calcei as chuteiras muito marcadas pelas pedras do campo de futebol de terra batida (agora parque de estacionamento). Cortei os dez centímetros da ponta para caberem os dedos. Saí de casa, abri a porta para a rua e... recuei dez anos no tempo... o Daniel lá estava. Puto franzino, camisola do Benfica quase pelos joelhos, mãos nos bolsos, a bola por baixo de um pé. Era assim todas as tardes. Fazíamos sempre por ficar na mesma equipa, mesmo quando só estávamos os dois em campo :)
Foi assim que crescemos, em mútua animação vespertina, todos os dias, com sol ou tempestade, sempre os três. Eu, o Dani e a bola.
Hoje recordei todos esses momentos. Na RTP, no Só Visto o Dani conversava com a Merche. Por momentos pensei que não era um televisor à minha frente, mas estavam ali os dois, sentados perto de mim (o que não deixaria de ser um prazer (desculpa Dani, mas esta foi para a Merche). O diálogo, sobre as vivências e experiências profissionais e emocionais da Merche, que entre íntimos se confia como mandam as regras, foi excepcional. Tudo o resto foi genial. A cumplicidade, os sorrisos... mas, principalmente, a forma como devemos respeitar o nosso processo natural de crescimento, como se respeita uma flor no Verão, em dias de tempestade. Qualquer semelhança com o Dani, eu e a bola, não é pura coincidência. Só lamento um facto... Merche, onde estavas tu na nossa infância????
Beijo e abraço (Dani, o abraço é que é para ti) !
Afinal de contas... não somos felizes... mas somos bem dispostos...!!

Wednesday, September 20, 2006

Hole in one!


Está a bater à porta, no K Club, em Kildare, Irlanda, a 36ª edição da Ryder Cup, o mítico torneio de golfe que reúne no mesmo campo os melhores jogadores europeus e norte-americanos.
Para quem é um "nabo" do golfe (eu comecei nabo, mas fui promovido a "quase nabo" com recurso a suborno, obviamente) aconselho a seguir a competição, nem que seja na perspectiva de assistir a um desporto no qual a probabilidade de o apito dourado ter um laboratório de produção de resultados ser muito pequena, até porque não há apitos. Ainda assim, certifiquei-me que não saiu nenhuma carreira de Gondomar com destino à Irlanda, nos últimos dias.
Mas mais importante que apitos, são os momentos que antecedem uma competição desta envergadura. A preparação do campo, gestão do relvado, dos meios físicos e humanos, a logística... há uma equipa preparada para responder a qualquer situação. Este ano, o nomeadamente mormente efectivamente grande profissional dos relvados, Sôr Engenheiro Carlos Vieira, ilustre greenkeeper do Lisbon Sports Club (termina aqui a parte da graxa), estará presente não só para passear o seu portfolio empírico pelos fairways e greens do K-Club, como para alombar com sacos de adubo e tudo o mais, que também só lhe faz bem (esta parte não deve ser considerada pelo visado). Na bagagem levou as cábulas de Fisiologia Vegetal, dos saudosos tempos do ISA. Esperamos que traga, além de irlandesas, novidades das boas!!
Sai agora um drive (sem ser para as árvores) à maneira... and let the party begin!

Tuesday, September 19, 2006

Reconfortante...


É inqualificável a atitude que vou tomar nos próximos 30 segundos (convém continuar a ler para a contagem bater certo). Vou pegar em algo confidencial e torná-lo público. Não, não é isso... que continuo a encher as caixas do correio dos meus vizinhos que colaram o papelinho amarelo "Publicidade aqui NÃO! Obrigado!" com aqueles folhetos enormes do AKI e do JUMBO, mais cedo ou mais tarde vão saber que sou eu. Que, num qualquer pinhal deste país, onde se ferem os pinheiros para atar aqueles potes sujos de plástico preto que enchem de resina... confirmo que os potes com um volume de líquido considerável, que não resina, em relação aos potes vizinhos, saibam, portugueses, que foi um pinhal por onde deixei a minha marca, qual canídeo a marcar território. Mas isso também irão saber e enfrentarei os resineiros deste país. Mas hoje, agora, vou denunciar algo que o país não sabe (sinto-me o presidente do Gil Vicente em entrevista à RTP, a adiar até ao minuto final a declaração em que ia declarar que afinal, nada declarava... extraordinário).
Meus amigos, depois de um dia desgastante de trabalho, de algumas horas angustiantes num hospital, é, no mínimo, reconfortante, receber um e-mail assim... passo a citar (mil desculpas à autora pelo abuso, mas parece-me uma denúncia simpática). A vossa atenção, por favor:
"Olá! Em anexo envio as fotos do “Simão”… para quem ainda o desconhece eu resumo a história : a prenda que eu queria para os meus anos (fiz anos ontem -17/set) era um/a gato/a, por isso fui à União Zoófila (onde existem muitos gatos e cães ansiosos para serem adoptados) buscar um.
A sorte calhou a este bebé, demos-lhe o nome de Simão, tem dois meses e meio e neste momento vive no meu quarto isolado da gata, a “Joana”. Até ao momento ainda não se viram mas o grande dia vem aí e confesso que tenho medo da reacção da Jo.
P.S. : É engraçado porque numa altura a maioria das pessoas falam dos bebés lindos que nasceram e os que estão para nascer, eu resolvi ser diferente e falar do meu “bebé”. Espero que tenham gostado dele..."
É, no mínimo, reconfortante...

Saturday, September 16, 2006

Que urso escolher...?


Um velho índio descreveu certa vez os seus conflitos internos...
"Dentro de mim existem dois ursos... um deles é cruel e mau... o outro muito bom e dócil..."
Quando lhe perguntaram qual dos ursos ganharia a briga, o sábio índio parou, reflectiu e respondeu:
"...aquele que eu alimentar..."

Monday, September 11, 2006

Descoberta de nova espécie: gorilomens!



Ontem, numa daquelas tardes que acontecem de 5 em 5 anos, destinada à arrumação do quarto, fiquei por casa a assistir a um filme de violência tão gratuita como absurda. Reconheço que, após duas horas de xutos e pontapés sem música, senti necessidade de exprimir também a minha própria violência armazenada há 27 anos. Passei pela praia de Carcavelos mas não era dia de arrastão. Só restava outra hipótese... fui ao estádio da Luz ver o Estrela da Amadora x FêCêPê.

Cheguei à zona limítrofe da arena... perdão... estádio, faltavam 2h para o jogo começar. Nisto passam por mim umas 50 caçadeiras agarradas às mãos de polícias aos saltos, tão protegidos como astronautas mas em tons de azul claro. Era só um miúdo franzino que estava a ser sovado por vinte gorilomens (músculos de gorila e idiotice de homem) porque trazia ao pescoço um cachecol que não era propriamente da cor mais indicada para trazer neste dia. A culpa pode ter sido da avó que usou lixívia demais ou misturou com as ciroilas vermelhas da bisavó quando lavou o cachecol. O que é certo é que o miúdo franzino viu-se em três tempos um dos mais acérrimos apoiantes da Académica, de tão escuro que ficou.
Mais 3 passos em direcção das bilheteiras... FILHOS DA PIIII, SEUS PIIIIII, HAVIAM DE PIIIIIIIII NA PIIIIIIIII DA VOSSA TIA, GRANDES PIIIII. PIIIII. Foram só uns 50 gorilomens que, investindo que nem Bush conseguiu no Iraque, desviaram telemóveis e carteiras do bolso original. Mais 50 bastões a passarem ao meu lado, desta vez em autênticos ROBOCOP mas em tons de azul. Não é fácil a vida destes senhores, principalmente em dias quentes.
De repente pensei o quão generoso é o nosso futebol. Não paguei ainda 1 cêntimo e já assisti a tudo o que é espectáculo. Durante a semana o presidente do Gil Vicente deve ter arrasado com as audiências do Levanta-te e Ri. Agora vejo uma gorilomenada (conjunto de gorilomens) a serem mimados com pontapés e cacetadas, mas mesmo assim riem, como quem está a ser acariciado com uma pena de pavão.
Finalmente, vem o momento do dia! O auge da manifestação de qualquer sentimento de revolta!
No meio da multidão ouve-se um grito estridente: SEUS "C___" do "C____". Como quem diz: "seus machos no aumentativo do belo exemplar a partir do qual é extraído o leitinho para fazer queijo de cabra", do "cara de um vegetal próximo da cebola muito utilizado na gastronomia tradicional portuguesa aquando do tempero do bacalhau". Olho assustado e vejo uma senhora com 3 dentes, 3 dos quais completamente podres (tão a ver aqueles sacos de carvão do LIDL quando sobram de um ano para o outro e, no fundo do saco, estão apenas uns resquícios? Eram assim os 3 dentes da senhora). Talvez por isso a força de atrito não actue de forma tão intensa, porque em menos de 10 segundos ela tira um sapato encarnado de saltos altos que estava mais ou menos a condizer com o robe verde alface que vestia e ZÁS TRÁS, enfia o salto do sapato na cabeça do gorilomem que teimosamente desobedecia à autoridade, sorrindo a cada pontapé que ecoava no seu traseiro como cuspidelas do Etna em dia de erupção. Ah valente, pensei! O gorilomem ficou logo ali estendido (pena não haver circulação da Carris nesta rua). Depois ainda deu uma cabeçada num outro gorilomem desprevenido! Sou sincero, esta senhora, mais alta e com mais 29 dentes eu podia confundi-la com o Zidane. Haja mais mulheres destas um pouco por toda a parte! Arranjava já emprego a 30 ou 40 e não iam todas para a Assembleia.
Fora isto, houve um jogo de futebol que o FêCêPê ganhou 3-0. Três golos em homenagem à dentição-carvão da brava anti-gorilomens que conheci. Clap! Clap! Clap! (Foi mais uma homenagem)...!