Monday, February 18, 2008

O Papagaio e o Mar...


Ainda em relação ao Menino de Cabul, uma histórica verídica que, de facto, arrepia um pouco mesmo os pelinhos mais adormecidos, quem for ver procure aperceber-se da importância de um kite na felicidade de uma criança e de um homem... Eu tenho 3. Um pequenino, que parece uma ave. uma gaivota ao sabor da brisa do mar. Um grandito, que faz lembrar uma ave de rapina com hélices em voo picado sobre a presa (as hélices referem-se ao barulho que este papagaio faz, impressionante). Às vezes quando passa um avião em baixa altitude por cima de minha casa, penso que é alguém que me está a gamar o papagaio, mas não, lá está ele bem pertinho da minha cama. Gosto de saber que ao meu lado, que quando vou nanar está ali um bocadinho de mar, de céu, de praia e de liberdade bem perto. O terceiro, é um ganda maluco! Grandãoooo, imponente, 48 fios de 100 metros a apontarem os céus e o gigante adormecido lavanta voo... faz sombra no areal, ergue-se lentamente em direcção ao Sol, mas 1 segundo pode ser suficiente para escutar os nossos amigos úmero, rádio e cúbito a fazerem "crack". A última aventura ficou bem marcada na areia. Parecia uma praia atravessada por um tractor agrícola com uma charrua de aivecas das grandes. Neste caso, os meus pés fizeram de charruas. Posso até, numa próxima oportunidade, deixar o meu contacto para a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal. Um dia vou tentar lançá-lo dentro de água, mas tenho medo de curto-circuito com as faíscas produzidas pelos calcanhares. Estes 3 papagaios são os meus 3 amigos de todo o ano e de todas as praias, uma união para toda a vida. Espero um dia ter crianças para justificar estes brinquedos do pai como sendo brinquedos deles e não passar algumas vergonhas quando abro a mala do carro e parece a fusão da Imaginarium com o Papagaio sem Penas e com a Decathlon.
A dependência do mar estimula-nos a abraçá-lo todos os fins de semana, de perto ou de longe. É, efectivamente nomeadamente mormente, um abrigo. Um abrigo de liberdade, de sonhos, de loucura, de água, de diversão, de brilho, de prazer, de expressão, de sensações a que o corpo responde com uma dependência cada vez maior. Muitas vezes, quando pensamos no mar e nos momentos de prazer que nos proporciona, há uma nítida tendência para associar o surf a este contexto. Há o grupo dos surfistas, como há o dos betos, dos xungas, dos skaters, dos punks, dos dementes precoces :) etc... Eu tive sorte de ser um independente nesta matéria. Sou eu, sem grupo. Lanço os meus papagaios, um dia, uma noite, sozinho ou acompanhado. E cada vez gosto mais. Mergulho e encontro um Mundo que todas as pessoas têm de conhecer. Ninguém pode partir sem mergulhar e "sentir" o que se passa lá em baixo... já não se muda! É deixarmos de ser "pessoas" e todos os problemas que isso traz e passarmos a ser "mar" e toda a grandiosidade que isso representa. É sermos aventureiros, mas de outro Mundo. Já fiz surf e bodyboard. Nunca me esqueço da primeira vez, com a minha velhinha prancha amarela do Continente. Poucos centimetros quadrados do meu corpo não faziam lembrar um tipo lá dos África. Não consigo apanhar ondas, é um facto, mas faço uma boa amizade com a prancha ao pôr do Sol. Já desloquei um ombro e não disse nada a ninguém, quando quis subir para uma tábua de madeira à beira mar só com um pé, e tentar chegar o mais longe possível. Já pareci um minúsculo pontinho no mar, visto da praia, sentado numa bóia enorme que anda sempre na mala do meu carro, ao lado da bola colorida. Todos os dias do ano. Já fiz xixi no mar. Já fiz o pino, cambalhotas, dancei, cantei, corri e adormeci no mar. Já acertei com um disco na cabeça de uma senhora de 80 anos, e ela até gostou. Já atirei muitos paus para o mar, para um bobi trazer de volta. Já escrevi um pequeno livro, enquanto assisti a duas marés. Já corri para os barcos dos pescadores que chegam e devolvi ao mar todos os peixes que consegui. Já apanhei conchinhas para oferecer à minha mãe. Já fiz de palhaço à beira-mar enquanto me procuravam no alto mar e nas dunas. Já fui feliz à beira mar, enquanto fazia de palhaço. Já desenhei corações na areia e vi-os serem apagados pelas ondas pequeninas. Já corri 200 metros até ao mar e tropecei 1 metro antes de lá chegar. Nunca mais corri até ao mar. Já saltei para o mar do cimo de um monte (vá lá... um montito... vá lá... uma muito pequenina elevação... pronto, de cima de um calhau). Já fiquei sentado à beira-mar a ver nascer a lua atrás de mim e o sol a esconder-se à minha frente. Já saí do mar com a lua lá em cima. Muitas vezes. Já brinquei com o mar todas as horas do dia e da noite, algumas vezes com o fato de banho :) Secalhar, já fui mar... Se o mar falasse, a cumplicidade que temos impediria a divulgação de outras actividades lúdicas que me fizeram rir, sonhar, amar... sempre ao pé do mar. E o melhor está para vir... ;)

6 comments:

thinkerbell said...

Vim para a cama a pensar neste post na forma como ele me fez viajar. Disseste que era de rápida leitura porém eu li bem devagar, parei no final de cada frase a absorver e tentar imaginar tudo o que nela estava.
Nuns te imaginaria “o menino dos papagaios”… mas nos últimos dias um novo Pedro tem-se deixado conhecer… obrigado… 
Não de imaginava assim, quer dizer… de certo modo talvez… mas tens-me vindo a surpreender pela positiva, muito pela positiva. E logo agora que estava a precisar de alguma qualquer surpresa positiva, que estes dias parecem ter sido de surpresas negativas prós nossos lados.

O que tu fizeste… a forma como és… como amas… essa liberdade a que te prendes!
Tal como o papagaio…
Ele parece-te livre… mas está preso ao fio…
Se por acaso ficar livre desse fio, cairá…
Deste mesmo jeito o amor liberta… mas prende ás suas loucuras… as suas lágrimas…

O que tens sino fez-me pensar que não sou louca por sentir o que sinto da forma que sinto, loucos são aqueles que não o sentem, que se recusam a sentir, que se recusam a viver e tratam o amor como algo banal, vulgar. Mas nós, os que sentem…, sabemos que o amor é ser-se louco e dize-lo!
É fazer tudo, tudo mesmo… é gritar “amo-te” ao ver um placa onde está escrito “silêncio por favor”, é rir com o coração em pedacinhos, sorrir com o peito rasgado, chorar de alegria...
Amar não é estar calmo… não é ser calmo…
O próprio amor não é calmo, é louco por si só! É vivo!
Tristes daqueles e daquelas que não sabem o que é ensopar uma almofada ao pensar em quem se queria ter ali ao lado… na outra almofada… na que está vazia…

Estou a ficar cansada… com sono…
…obrigada por me teres feito acreditar de novo que existem príncipes…
e por certo também haverá princesas no meio de tanta gente… *

Anonymous said...

És o maior fabricante de sonhos que alguma vez a Humanidade viu ou verá nascer. Tenho a certeza absoluta. É uma pena não teres tempo de passar 1 segundo da tua vida com cada pessoa do mundo, para que sintam o mesmo que eu sinto por ser tua amiga. Obrigada por... simplemente existires...

Anonymous said...

Se fosse o teu golfinho de borracha ficava triste de não me teres referido!!
eheheh

A Flor said...

Olá! :)**

Já tinha saudades tuas! Ainda bem que "deste à costa"! eehehe

Afinal o Polarito chama-se Pedro? O meu filhote mais novo também!

Adorei ler o teu post... ao lê-lo "senti" que te via a fazer todas as coisas que referes....sorri... aliás, soltei uma gargalhada ao imaginar a velhota de 80 anos a levar com o disco na tola! Tadinha!!!...

Em miúda adorava papagaios... mas nunca mais tive oportunidade de os lançar... era uma ideia gira para os meus filhotes! Obrigado pela dica!! Em Lisboa onde se compram papagaios? Serão muito caros? Seria giro oferecer um a cada filhote e claro... um a mim própria... gostei imenso da ideia...

Imagino que quando lanças o papagaio... ele leva um recado Teu que deixa na núvem mais alta que encontra, não?

Não tens que agradecer... o eu gostar de Ti... gosto por gosto... o amor não se explica.... o amor entre almas apenas acontece!... obrigado por sermos amigos! :)
(És como um mano mais novo, afinal eu sempre tenho mais 11 anos do que Tu :D)

Tem uma semana tranquila e quando lançares de novo um papagaio... pensa em mim, tá?

Beijiiiiinhos floridos da amiga Flor :)

(Graças a Deus que te "sinto" mais animadito!)

A Flor said...

OPS! Quiz dizer... gosto porque gosto...

Tornei a ler o teu post e vi muitas das coisas que tu já fizeste no mar... eu também já fiz.... Mas à uma que me recordo e que me traz bonitas lembranças de um passado que não volta mais.... eu e ele... numa noite de luar... em que o mar era só nosso... em Aveiro.. hummm!! ai, ai... é melhor CALAR-ME! ih ih ihihi

Xi-coração da Flor

Anonymous said...

Meu Deus ... como sabe bem sentir k o sonho, faz-nos sentir k a vida continua!

Comecei por ler os teus post ... provocaste em mim umas boas gargalhadas, o sentido de humor, as palavras e as experiencias tão bem integradas ... até k as lagrimas tambem xegaram. Não de tristeza mas de sentir k como se eskecemos por tantos momentos de atribuir as cores à vida apenas com as sensações k a propria vida nos oferece.

Pedro obrigada por me deixares a sonhar durante estes minutos e sentir que talvez a vida não seja axim tão escura como nos invade o pensamento em mtos momentos!

Adorei conhecer esta tua faceta!

Es uma pessoa mto especial!
Felicidades!