




Não fosse a condição de celibato e eu podia ter um bom futuro pela frente como padre. É o 2º ano consecutivo que, na Páscoa, na minha aldeia e à sua volta, faço esta figura e entro pelas casas das pessoas, abençoando-as, às suas famílias e lares. O processo é simples. As portas abertas, com folhas e flores a revestir a entrada, indicam uma família que espera a entrada de Cristo. É aqui que eu entro (que Cristo me perdoe esta sequência de raciocínio), lanço água benta sobre as pessoas e desejo uma Santa Páscoa... "...Cristo ressuscitou! Aleluia! Aleluia! Que venha a sua benção sobre esta casa e sobre todos os que nela habitam! Aleluia...", resvalando depois para a tentação dos beijos e abraços aos presentes (padre que não é padre, está autorizado a fazê-lo). Entra depois a cruz, que é beijada por todos os presentes, enquanto os mordomos aguardam à porta com velas. São algumas freguesias, dezenas de casas, centenas de pessoas, milhares de emoções que se vivem. É engraçado participar na felicidade das pessoas, custa assistir à mágoa de quem está doente e, olhando para mim com uma veste branca e cruz ao peito, encontra mais uma força para sorrir... é aqui que me sinto padre... é neste momento que vêm em mim um padre... mas não sou... sou apenas um amigo... :)