Friday, April 04, 2008

Click!

"Ai este Pedrito, está um homem feito!"... "Ó rapaz, a quem é que tu sais tão grande...!?"... "Vejam bem, está aqui e está a ultrapassar o irmão"... foram frases que ouvi repetidamente durante parte da minha infância (mais ou menos entre os 0 e os 29 anos). Sabia bem, reconfortava o ego porque eu sempre quis ser mais ou menos grande. Pelo menos, o suficiente para poder armar zaragatas na escola e sovar os maus com mais facilidade. Como fiquei grande depressa, era sempre eu que ia apagar o quadro da sala de aula, porque nem a professora chegava lá acima. Era sempre eu o chefe da turma, fui sempre eu o capitão da equipa de basketball e passava sempre por mim a dura missão de separar os intervenientes das porradas lá na minha rua. O auge desta minha ambição aconteceu algures em Lisboa onde se faz o Bilhete de Identidade (não foi na Av. Liberdade nem no ISA, portanto tenho alguma dificuldade em explicar onde é) e fui chamado à atenção 3x pela mesma senhora, para baixar os calcanhares no momento da medição. Qual era o mal? Se eu cometesse um crime, e fosse condenado a 50 anos em cela solitária em Alcatraz, com direito a 3 chicotadas na cabeça, às refeições, podiam estar as minhas impressões digitais na porta dos pastéis de Belém, um rasto de migalhas desde o forno até ao Guincho onde deixaria o carro estacionado para parecer que não tinha nada a ver comigo, podia ter lá deixado ficar 4 dentes e o que diria a polícia? "Não, nem pensar, estão aqui 4 dentes típicos da dentição do Polarito, as impressões digitais são as do Polarito, mas não coincide a altura! Está aqui 186 cm no BI e ele tem 185 cm! Liberdade para o Polarito e indemnização de 40 mil pastéis de belém!". Agora é tudo ao contrário, tudo... a medição é feita na horizontal e, de facto, aproxima-se dos 186 cm (esta era muito escusada, e até desnecessária, e vale-me a esperança de que ninguém tenha entendido). Agora é tudo ao contrário porque, as mesmas pessoas, olham para mim e dizem: "Ai este Pedrito, já tens que idade, Pedrito? Já fizeste os 20, não já, Pedrito?"... "Ó rapaz, então e rapariga?"... "Vejam bem, está aqui este "homezão" e não há maneira de casar"... Hummm... Agora sinto-me crescido, sem ter crescido. Não tenho vontade de crescer. Apetece-me continuar "Pedrito". E sempre fiz o que me apetece... Um dia vou morrer criança, sem crescer, e brincar com as estrelas da mesma forma que hoje brinco com a vida. A minha Mãe perguntava muitas vezes "ó filho, quando é que cresces...?"... Um dia, Mãezinha, um dia... quando as estrelas deixarem de ser peças de legos e eu já não conseguir construir uma constelação com elas... Até lá, e sempre, eternamente Pedrito... o mundo, esse, continua a girar e a girar sem parar... como bola colorida, entre as mãos de uma criança... ;)

P.S. - As minhas desculpas aos elementos utilizados como efeitos visuais para ilustrar este post ;)

1 comment:

Anonymous said...

Só para dizer que de facto, os efeitos visuais, tornam uma imagem esplêndida!