Thursday, July 17, 2008

Lágrimas coloridas...

Hoje passei o dia de coração destroçado, tentando refugiar-me em momentos de boa disposição, auto-construindo um porto de abrigo para as minhas emoções, sem alicerces, caíndo minuto a minuto em momentos de destroçadora tristeza. Hoje faz 1 ano que a minha Mãe saiu de casa. Saiu para o hospital, onde estaria mais 9 dias. Lembro-me de cada segundo como se tivesse sido há... 1 segundo. As lágrimas que lhe deslizavam na face, os passos lentos em direcção à porta, como se Ela já soubesse que seria a última vez. O meu pai estava destroçado, escondendo em cada olhar a mágoa de um momento tão triste. Eu estava aparentemente calmo, tentando como sempre transmitir que tudo ficaria bem. Por dentro, estava destruído. Como nunca. Queria pegar no Mundo e girá-lo para que tudo ficasse bem. Não podia... As últimas semanas tinham sido desgastantes, a assistir desamparado à dor da minha Mãe. Não pensava, não falava, não sonhava, não amava, não vivia... Queria estar sempre com Ela e dizer-Lhe que ficaria bem. Tantas vezes que, às escondidas, ligava para os médicos, minutos antes das consultas, pedindo que desvirtuassem a sua ética profissional um pouco e, iludidamente, deixassem a minha Mãe mais feliz e convicta que ficaria bem. Mas vê-la sair de casa, foi o desabar do Mundo. Até o nosso gato, companheiro inseparável da minha Mãe nos últimos 13 anos, estava com um olhar entristecido, em silência, vendo-A partir. Lembro-me de ouvir um último "...tínhamos tudo para ser felizes...", antes de fechar a porta. Acompanhei a minha Mãe todos os dias, antes e depois deste 17 Julho 2007. Conduzi a tremer, rezando em silêncio para que nada disto fosse verdade. Apetecia-me morrer... No hospital os médicos já me conheciam, eu sempre a quis acompanhar e Ela sempre dizia aos médicos (nunca à minha frente) que eu era o anjo da vida dela. A minha Mãe sentiu-se mal, estava tão branca... eu e o meu pai perdíamos a noção do tempo, do espaço, de tudo. Fomos sempre tão unidos e agora algo nos queria separar... para sempre... Subimos para o quarto, onde continuei a mimar a minha Mãe como todos os dias fazia em casa. Vinha cá fora chorar, enxugava os olhos e voltava a entrar no quarto com um sorriso. Toda a manhã, tarde e noite. Depois... depois foi o pior momento da minha vida. Aquele em que a minha Mãe, após minutos de silêncio e a olhar para mim com aquele olhar tão doce e emocionado, disse pausadamente... "lá se vai a Mãe..."... Ela sabia... Eu também, mas nunca quis acreditar...
Amo muito a minha Mãe, e se cada lágrima que libertei ao escrever este post se tranformar numa pétala, então aceita Mãezinha a mais bonita flor do Mundo que em lágrimas te envio...

5 comments:

Anonymous said...

Como eu te compreendo... Beijo grande!

Anonymous said...

Tenho a certeza de que foi a flor mais linda já sonhada alguma vez! A flor criada pelo seu anjo... *

Anonymous said...

oh querido Amigo... eu sei... a tua Mãe estará sempre contigo e iluminará para sempre a tua vida... agora é Ela o teu Anjo. Um beijo muito muito grande para ti e um abraço muito especial. Sofia

Anonymous said...

sinto o mesmo k tu... infelizmente,a vida é assim! se precisares,sabes onde me encontrar! beijinhos

Polarito said...

Obrigado pelas palavrinhas. Beijinhos.