Thursday, February 05, 2009

Oitenta Montanhas a Sul...

Tocam... em ensurdecedor silêncio. Sentem... em inquietante olhar... Respiram... um último fôlego...
Um passo lento e frágil, o adoçar da voz trémula. Não se desnuda em gestos. Espreita partículas de segundos e pouco mais. Uma vida em hora e meia. Cada minuto, um ano. Olho para trás e o lápis desenha traços largos. Sem sentido. A história tem cores vivas, de contornos tracejados. Não há mais um livro assim. Levo comigo as letras todas. Palavras que brilham mais que Sol. Mais que tudo. Há crianças a sorrir, oitenta montanhas a Sul, sentadas em lajes escuras de pó. Há um rasgo de nós naqueles olhos. Um laivo de amor naquele peito. Há sorrisos nossos naqueles lábios. Há lágrimas tuas naqueles rostos. Soltam frágeis palavras que entendes. Saltam léguas do meu tamanho. Brincam com nada. Coisas nossas são nada e nada é tanto e tudo. Tudo o que te fez crescer. Tanto como querias. E lá longe, oitenta montanhas a Sul, há sorrisos nossos naqueles lábios. Tocam... sentem... respiram um último fôlego... Oitenta montanhas a Norte, as sensações constroem-se em hora e meia. Cada minuto... um ano ;)
Polarito, 5 Fev 2009

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